sexta-feira, 5 de abril de 2013

Alckmin e as más companhias

Alckmin tem um secretário de ultradireita:
dize-me com quem andas...
(foto: Marcelo Camargo/ABr)
Geraldo Alckmin, apesar de estar há muitos anos à frente do maior Estado da federação, nunca deixou de ser um político provinciano. Na única vez em que tentou alçar voo mais amplo, concorrendo contra Lula na eleição presidencial de 2006, conseguiu a façanha de ter, no segundo turno, menos votos que no primeiro.
É um político sem visão estratégica, sem liderança ou carisma suficientes para elevá-lo à categoria de estadista.
Por ser medíocre, cerca-se de auxiliares também medíocres, e assim vai tocando a vida, feliz por ter ganho a sorte grande, o governo de São Paulo, com a morte de Mário Covas, de quem era um inexpressivo vice.
Alckmin nunca demonstrou ser progressista, nunca fez questão de mostrar ao eleitorado nada além do que realmente é, um conservador que se preocupa apenas em deixar as coisas da maneira em que estão.
Também é notória a sua ligação com a igreja católica - e com a seita fundamentalista Opus Dei.
E, ao contrário de Covas, que foi perseguido pelos militares, Alckmin nunca teve uma palavra de crítica à ditadura que por duas décadas deixou o país nas trevas.
É como se esse período da história não existisse para ele.
Recentemente, porém, Alckmin teve uma atitude que, se não explicita o seu pensamento político-ideológico, dá umas boas pistas sobre ele.
A nomeação do ultradireitista Ricardo Salles para ser seu secretário particular, nestes tempos de Comissão da Verdade, revela muitas coisas.
Uma delas é que o governador não está nem aí para o passado do Brasil, já que Salles é, publicamente, apoiador da ditadura militar.
Outra é que ele não está nem um pouco preocupado com a chamada opinião pública - ou pelo menos, com parte dela. 
O escritor Marcelo Rubens Paiva, cujo pai foi morto numa dependência do Exército durante a ditadura, já pediu que Alckmin se retratasse por uma afirmação absurda de seu secretário particular: “Não vamos ver generais e coronéis, acima dos 80 anos, presos por causa dos crimes de 64. Se é que esses crimes ocorreram...", disse o sujeito no ano passado a uma selecionada plateia do Clube Militar, no Rio.
Alckmin, como é de seu feitio, está caladinho, fingindo que não tem nada com isso.
Mas, pelo próprio cargo público que ocupa, terá, um dia ou outro, de se manifestar sobre esse tema, para ele tão espinhoso.
Afinal, ele não é mais o prefeito de Pindamonhangaba, embora aja como tal.

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