segunda-feira, 9 de julho de 2012

O empresário só sabe chorar


O presidente do BNDES, economista Luciano Coutinho, segundo informa a Folha, classificou o empresariado brasileiro de "ciclotímico" e disse que o setor está numa posição "muito mais pessimista" do que o potencial brasileiro justifica no momento. Na sua opinião, esse é um dos fatores para a demora na recuperação do crescimento econômico do país. O empresariado "travou um pouco o investimento", disse Coutinho.
E ele tem absoluta razão em afirmar isso. O empresário brasileiro só sabe chorar, só sabe pedir mais desonerações tributárias, só sabe reclamar do real valorizado e da carga de impostos. Só sabe ameaçar com demissões, só sabe anunciar o fim do mundo.
Há uma crise econômica internacional grave, ninguém pode ignorar esse fato. O Brasil já sofre seus efeitos, mas a situação poderia estar muito pior.
O governo tem feito o possível para diminuir os problemas da indústria, mas os nossos bravos empresários, nesta hora, em vez de ajudar, de algum modo, o país a superar as dificuldades, simplesmente se aproveitam do momento para pedir mais e mais benesses, mais e mais facilidades, como se eles só eles fossem as vítimas inocentes do processo de esfriamento da economia e não um dos principais responsáveis por ele.
Qualquer um que vive no mundo real, que sai nas ruas, que vai às compras, sabe que os preços de quase todos os produtos estão nas alturas, com margens de lucro muito acima do normal. Setores que tiveram incentivos do governo, como o de móveis, por exemplo, não baixaram um centavo o que vendem. Usam a desoneração do IPI para lucrar mais. Uma cama custa mais de R$ 1,2 mil, qualquer cadeira não sai por menos de R$ 400, uma mesa qualquer é oferecida por R$ 1 mil - um absurdo total.
O comércio e o setor de serviços se aproveitam do fato de que milhões de pessoas passaram a fazer parte da chamada classe média e entraram no mercado consumidor. O crédito farto estabeleceu uma nova maneira de transações ao se espalhar para toda a economia. Comprar à vista deixou de ser um bom negócio para todos: os descontos são irrisórios.
A verdade é que os empresários não estão nem aí para o desenvolvimento do Brasil e a retomada do crescimento econômico. A sua única preocupação é saber como podem encher mais seus cofres. Uma crise como a de agora, para eles, é uma excelente oportunidade para dar o que popularmente se chama de "aplique" - tomar mais e mais dinheiro do governo, porque o Estado, quando lhes é conveniente, pode ser tudo de ruim, mas muitas vezes ele é generoso, parceiro, ótimo enfim.

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