quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O dom do samba

No Brasil tem feriado para tudo. Dias festivos, então, nem se fala - tem dia do pai, da mãe, do namorado, dia de tudo quanto é santo, da árvore, da bandeira...
O calendário está lotado, daqui a pouco será preciso comemorar alguma coisa de manhã, outra de tarde e a última de noite. Hoje, por exemplo, é o dia do samba, o ritmo musical mais brasileiro que existe, porque, quase sempre, é composto, tocado e cantado por gente com a cara do povo.
O samba está em todas as regiões do país. Há sambistas desde o Rio Grande do Sul até lá em cima, no Amapá ou Roraima. Quando não é o ritmo mais tocado no local, é o segundo na preferência.
Qualquer instrumento de percussão, até mesmo uma caixinha de fósforos, serve para acompanhar um samba. Se juntarmos um violão ou um cavaquinho, a festa está completa. A roda de samba se instala no botequim da esquina, no quintal da casa, à beira da piscina, em todo lugar.
É difícil alguém não saber cantarolar ao menos um samba, seja ele um samba-canção, um partido-alto, um samba de carnaval, um samba de quadra, um samba-enredo, ou até mesmo uma bossa nova - que nada é além de um samba metido à besta.
O samba, sem querer entrar numa discussão sociológica, define o Brasil.
Pode ser simples ou complexo, popular ou erudito, áspero ou lírico, mas a base é sempre a mesma: um ritmo hipnótico que vem lá de muito longe, de muito tempo atrás, e que simplesmente é capaz de mudar o estado emocional das pessoas, fazê-las ou mais felizes, ou mais melancólicas.
O dia do samba não deveria ser hoje. Deveria ser sempre.
(E, sem mais delongas, mestre Wilson das Neves, de traje a rigor, numa elegância só, nos presenteia com sua parceria com Paulo César Pinheiro, "O Samba é Meu Dom")


O samba é meu dom
Aprendi bater samba ao compasso do meu coração
De quadra, de enredo, de roda, na palma da mão
De breque, de partido alto e o samba-canção
O samba é meu dom
Aprendi dançar samba vendo um samba de pé no chão
No Império Serrano, a escola da minha paixão
No terreiro, na rua, no bar, gafieira e salão
O samba é meu dom
Aprendi cantar samba com quem dele fez profissão
Mário Reis, Vassourinha, Ataulfo, Ismael, Jamelão
Com Roberto Silva, Sinhô, Donga, Ciro e João
O samba é meu dom
Aprendi muito samba
Com quem sempre fez samba bom
Silas, Zico, Aniceto, Anescar, Cachinê, Jaguarão
Zé com Fome, Herivelto, Marçal, Mirabô, Henricão
O samba é meu dom
É no samba que eu vivo
Do samba é que eu ganho o meu pão
E é no samba que eu quero morrer
De baqueta na mão
Pois quem é de samba
Meu nome não esquece mais não

3 comentários:

  1. ainda bem q vc lembrou,cara!!!! 1 dos nossos melhores cartões de visita,tão esquecido...
    que pena!!!
    valeu ler seu cronica e saber disto,pena já ser meio tarde pra espalhar + ai!!!
    lindo o samba escolhido!!!
    bjão
    sonia raquel

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  2. ainda bem q vc lembrou,cara!!!! 1 dos nossos melhores cartões de visita,tão esquecido...
    que pena!!!
    valeu ler seu cronica e saber disto,pena já ser meio tarde pra espalhar + ai!!!
    lindo o samba escolhido!!!
    bjão
    sonia raquel

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  3. Caro Motta:
    Tomei a liberdade de abrir um link dessa crônica em meu blogue http://poetadasaguasdoces.blogspot.com.br/2013/06/jaguarao-ja-cantou-de-galo-neste_8080.html, a fim de reproduzir a letra de "O Samba é meu Dom".
    No entanto, necessito contatar com quem saiba mais dados sobre o "bamba" Jaguarão, ali citado - notadamente da origem desse apelido de José da Silva.
    Fico no aguardo de seu retorno.

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